A indumentária afirmava que íamos mas as circunstancias da vida tudo punham em causa. A necessidade de sair, dada a pressão sofrida pelo trabalho, as latas de atum, as calças rotas, as toalhitas, os pratos e copos, o pó de talco e os muitos outros elementos indispensáveis à viagem estavam prontos.
O dia 4 tardava a chegar, tal como o primogénito dos comboios que íamos apanhar. Mas, ao longe, e após umas horas de 80 cêntimos para ir para a terrinha pois se tiverem uma sandes eu também aceito, a locomotiva mais aguardada dos últimos meses apareceu. Já instalados, ou melhor amontoados numa bela carruagem de 8 pessoas, partimos rumo à aventura. O simpático casal deu-nos o seu lugar, talvez antevendo eventuais odores que oscilam entre o queijo e o salpicão, e assim, o espaço aumentou. No entanto, e dada a dificuldade em proferir o tão famoso sonoro ruído, um dos interrailistas apaixonou-se e assumiu a sua intensa relação com o chão da carruagem.
Hendaye - chegamos! e rapidamente sorrimos ao auferir o bilhete rumo a Paris, o primeiro dos muitos locais a visitar onde, com classe e muito nível, numa carruagem quase privada, chegámos ao fim de algumas horinhas!
Há que fazer as reservas e apesar do primeiro susto dirigimo-nos ao histórico local dos mitos - o hotel Darcet- com a próxima viagem garantida.
A tarde foi monumental, tal como as obras-primas com que nos deparávamos a cada passo que era dado. Da Torre Eiffel, ao Les Invalides, e passando pelo restaurante Spartacus voltámos para o "nosso lar", onde à noite tudo ganha vida e energia que se transformam em longas teorias filosóficas que um dia poderão ser apresentadas numa consistente tese. :p
No dia seguinte visitámos o famoso e grande Arco do Triunfo, os Champs Elysees, o Louvre - depois das 18h porque com o sol menos intenso fica bem mais bonito, diria até que ganha um ar profundo e intenso que nos inspira a edificar também a nós próprios belíssimas obras de arte! Há que estar à altura das coisas, não é?! - Notre Damme, manifestações, polícia, praia e à noite, como não podia faltar, o brilhante Moulin Rouge.
De manhã a caminha é sagrada e só por motivos de força maior, ou seja as saudades de andar de comboio, é que nos separamos dela. Do Tgv avariado, regressando a um intercidades frustrado mas sem correr o risco de apanhar um regional colado...pois conseguimos expulsar parceiros indesejados da carruagem... conseguimos chegar a Munique! =)
"A chuva molhava-me o rosto gelado e cansado" mas nem por isso deixei ou melhor deixamos de ir beber uma bela de uma cervejinha porque era já ali e digo que tenho a certeza que é mesmo por ali pois com fermento é bem melhor! =)
Com baterias recarregadas partimos, manhã cedo, rumo ao desconhecido, acabando por nos envolver no misterioso e encantador espírito alemão. Os monumentos continuavam a ser brutais mas o ambiente que nos rodeava permitiu intensificar a visita a uma das mais bonitas cidades europeias! É, sem dúvida, um local para voltar!
A comidinha era bem boa e será mesmo motivo de festejo num dos próximos dias! :p E viva as salsichas brancas, a salada de batata e as bandeirinhas!! lol
Tal como as bandeiras que esvoaçavam ao sabor do vento, também o tempo passava e era já chegada a hora de partir rumo a Viena. Bela viagem esta de Munique até ao próximo destino!
Já na Áustria, e envolvidos por um continuum de monumentos, dos quais se tem obrigatoriamente que destacar o imponente Belvedere dado o interrogatório e risco de vida que se correu após a visita ao mesmo, impôs-se uma questão: onde é que eles estão, sra? Eles quem? Os doces...os saborosos doces tipicamente vienenses... é que aqui já não me cheira a Panados!! :p
Ora aqui estão eles:
(Quando for a festa das tartes, pode ser que eu deixe provar um bocadinho...ou então comem frutinha que faz muito bem! :p)
No segundo dia, em terras austríacas, as crianças soltaram o seu espírito e foram andar na roda gigante...porque criança que é criança anda em divertimentos com muita adrenalina, não compra bandeirinhas! :p
Ainda em Viena, o Sr Mozart rendeu-se às Sras Doutoras e pediu para tirar uma fotografia...nada de novo, portanto! :p lol
O próximo destino primava pela diferença, dado não ser necessário comprar passes diários de metro, isto é, seguia-se a bela cidade de Veneza!
Entre canais e pontes, flores e janelas abertas, passando pelas riquíssimas máscaras e colares de pedras coloridas, deixamo-nos envolver pelo misterioso e romântico ambiente que se vive e respira em cada cantinho abandonado que parece guardar um inúmero rol de histórias que ficaram por contar...O gondoleiro e as gôndolas...e os inúmeros sorrisos e olhares transcritos nos silêncios que também quiseram falar!
Poderia também falar das horas de espera ou da suspeita mala que corajosamente foi por todos enfrentada mas o magnífico cenário que se abria nas portas da estação pede para que me torne a remeter ao silêncio pois o "essencial nunca caberá nas palavras..."
Segue-se a imperial cidade de Roma: um sonho tornado realidade! Que dizer da imponente Basílica de S.Pedro onde se respira e sente um ambiente de paz e harmonia, de silêncio e partilha, de lágrimas e sorrisos? A inesperada e sentida saída da Basílica, o museu do Vaticano, os terços, a Capela Sistina e o almoço ao som de um violino tornaram o início da visita a Roma em algo que não se descreve...sente-se! =')
Já na Fonte de Trevi cumpriu-se a tradição, lançando-se, lado a lado, a moedinha que levou consigo o desejo de voltar!
No dia seguinte, fomos transportadas para um outro mundo...vivendo a História com a força dos gladiadores e refrescando-nos com os típicos licores de limão e melão...pois o calor era intenso! É, tal como Veneza e Munique, uma cidade a voltar!
Começa agora uma nova vertente no interrail que se prende com uma longa viagem de comboio em comboio que culmina na estação de Nimes, tendo o seguinte roteiro: Roma-Milão; Milão-Ventimiglia; Ventimiglia - Nice; Nice - Marselha; Marselha - Montpellier; Montpellier-Nimes!
Como achamos que já estavamos a abusar a roubar lugar às outras pessoas em tantos comboios decidimos abancar num sítio qualquer para dormir. Como dava trabalho reservar hotéis e porque não queríamos também aqui roubar lugar a outras pessoas decidimos dormir no local onde nos encontrávamos, ou seja, no meio de um belo jardim que tinha muitas pedrinhas fofinhas no chão! Enrolados no saco cama, ou semi-enrolados, dormimos muito bem até sermos acordados com o desesperado grito de um "porque eu vou! nem que vá, nem que vá, nem que vá...olhem à m*rda!" E o que fazer agora? "Veste umas calcinhas, enrola-te no saco-cama e dorme que o Sr que te fez saltar o coração já na volta aqui! E não reclames porque se tivesses o belo do penso que não fazia a m*rda de nenhum efeito o coração tinha-te saltado era pelo nariz! E é bom que te lembres que a tua perigosa missão chegou ao fim e é hora de dormires, sim?" Pronto. Assunto resolvido. Nova paragem? Montpellier...mas agora sim com comboio com destino para Barcelona!
Visita de médico, conhecem? Então pronto...foi isso que fizemos em Barcelona... mas claro que não dispensamos a bela da Paella e da Sangria de Champanhe! Espero que a festa espanhola chegue depressa! :p
Instalados no melhor de todos os comboios em que tivemos o privilégio de andar, seguimos com destino a Madrid! Tarde bem passada a conhecer a cidade em busca das Portas ou melhor das casas ou da praça ou lá do que aquilo era do Sol e era chegada a hora de regressar ao nosso belo cantinho chamado Portugal!
Carruagem com caminha foi um lugar merecido e ao avistarmos a pequenina estação de Campanhã sentimos que a viagem tinha efectivamente chegado ao fim. Experiência a repetir? Sim!! E de preferência já para o ano! lolol
Muito mais haveria para dizer mas há momentos e emoções que não sao descritos em palavras e que ficam guardados no coração de cada um de nós!
Um beijinho grande para todos! E um obrigada em especial a si!*
